Russ Duritz (Bruce Willis) é uma pessoa
difícil de se tratar: ranzinza, rude e extremamente isolado.
Vive sozinho, não tem namorada, não se dá bem com os
familiares e nem sequer tem um animal de estimação.
Profissionalmente ele tem
reconhecimento e ganha rios de dinheiro, fazendo que as
pessoas (seus ricos clientes) aparentem ser o que não são, só
para se darem bem.
Em resumo, a vida de Russ vai muito
mal, mas ele não parece estar se importando com
isso.
Até que um belo dia, não sei bem de
qual modo, um menino aparece como por encanto em sua casa,
invadindo sua privacidade e quebrando sua rotina.
É o pequeno e gorduchinho Rusty
(Spencer Breslin), atrapalhado e emotivo, que nada mais é do
que o próprio Russ quando tinha 08 (oito) anos. Não faz
sentido?
Bem, isso, na verdade, não
importa.
O divertido é a forma como Rusty se
desaponta ao ‘ver-se’ transformado em um adulto tão
desinteressante e diferente de tudo o que ele - criança -
sonha (sonhava) em tornar-se.
Russ, por sua vez, demora para perceber
que traiu seus antigos desejos e que a ‘aparição’ de Rusty é
uma forma de faze-lo encarar situações mal-resolvidas de sua
infância.
É duro para ele, aos quarenta anos, uma
pessoa tão orgulhosa, reconhecer que não é quem gostaria de
ter sido, que não faz o que gostaria de ter feito e que não se
permitiu amar e ser amado.
Tentar realizar nossos sonhos não é
fácil, porém, sem dúvida, passar a vida inteira pensando no
que realmente gostaríamos de ter sido, e não somos, é muito
mais difícil.
Pior do que o fracasso é a falta de
coragem de buscar um ideal nobre. Errar é natural, desistir é
lamentável. Não temos apenas uma vida, nem duas. Teremos
vidas suficientes para nos tornamos seres melhores e
alcançarmos a felicidade.
No entanto, esse processo pode ser mais
ou menos lento, dependendo apenas de nós mesmos. Quanto tempo
levaremos, ainda, para encarar nossa própria intimidade?
Quando, enfim, teremos coragem de
abandonar o que é mais fácil e mais comum, pelo que é
realmente melhor e nos faz verdadeiramente felizes?
Mesmo sabendo que não há risco de que
‘nós-crianças’ surjamos do nada para assombrar-nos (adultos),
vale a pena reflectirmos sobre essas questões o mais cedo
possível. Pense a respeito.
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