EU PERDÔO
Pai, quando eu for chamado para junto de Ti, quero partir com
o coração aliviado de qualquer sentimento menor que possa reter-me ao vale
de lágrimas onde me encontro hoje.
Ah, Meu Deus, que nada do que já vivi e ainda vivo seja
obstáculo à minha felicidade amanhã!...
Quando eu me for, quero alçar vôo como fazem as aves que
planam livres por sobre as misérias humanas, e que não pousam no chão senão
para buscar o alimento que as mantém fortes nas alturas!...
Quando meus olhos se cerrarem à ilusão da carne, é de minha
vontade que eu me distancie do mundo com a leveza das almas experimentadas
na forja das provas árduas, sem que o peso dos sentimento menores impeça meu
anseio anseio de libertação!
Desejo, Pai, libertar-me, sendo fiel à Tua lei de amor e de
perdão!
Eu compreendo que a Terra é a escola onde Tu nos prepara para
a angelitude!...
Eu compreendo que o sofrimento é a lição que nos faz avançar
para a glória ou estacionar na senda de novas e mais dolorosas provas!...
Eu compreendo que tudo é seleção: os laços, a estrada, os
acontecimentos...
De minha atitudes colherei bem ou mal; com minhas decisões
talharei o que serei amanhã. Alegrias infinitas ou sofrimentos sem conta
nascem unicamente de meus atos, a revelia do que os outros me fazem ou
deixam de fazer....
Por isso, Pai, conduz meu pensamento de tal sorte que, quando
chegar minha hora, nada do que vivi possa retardar-me o passo ou prender-me
outra vez ao sombrio grilhão da dor. De todos os momentos experimentados,
que eu carregue comigo apenas aqueles que me proporcionaram coisas úteis e
felizes. Que os infortúnios e mágoas do passado não sejam mais peso em meu
coração a impedir a realização dos mais ardentes anseio de felicidade e
sublimação!...
As lágrimas que me fizeram verter - eu perdôo.
As dores e as decepções - eu perdôo.
As traições e mentiras - eu perdôo.
As calúnias e as intrigas - eu perdôo.
O ódio e a perseguição - eu perdôo.
Os golpes que me feriram - eu perdôo.
Os sonhos destruídos - eu perdôo.
As esperanças mortas - eu perdôo.
O desamor e a antipatia - eu perdôo.
A indiferença e a má vontade - eu perdôo.
A desconsideração dos amados - eu perdôo.
A cólera e os maus tratos - eu perdôo.
A negligência e o esquecimento - eu perdôo.
O mundo, com todo o seu mal - eu perdôo.
A partir de hoje proponho-me a perdoar porque a felicidade
real é aquele que nasce do esquecimento de todas as faltas!... No lugar da
mágoa e do ressentimento, coloco a compreensão e o entendimento; no lugar da
revolta, coloco a fé na Tua Sabedoria e Justiça; no lugar da dor, coloco o
esquecimento de mim mesmo; no lugar do pranto coloco a certeza do riso e da
esperança porvindoura; no lugar do desejo de vingança, coloco a imagem do
Cordeiro imolado e o mais sublime dos perdões... Só assim, Pai, se um dia eu
tiver que retornar à carne, poderei me levantar forte e determinado sobre os
meus pés e não obstante todos os sofrimentos que experimentar, serei
naturalmente capaz de amar acima de todo desamor, de doar mesmo que
despossuído de tudo, de fazer feliz aos que me rodearem, de honrar qualquer
tarefa que me concederes, de trabalhar alegremente mesmo que em meio a todos
impedimentos, de estender a mão ainda que em mais completa solidão e
abandono, de secar lágrimas ainda que aos prantos, de acreditar mesmo que
desacreditado, e de transformar tudo em volta pela força de minha vontade,
porque só o perdão rasga os véus sombrios do ressentimento e da revolta,
frutos infelizes do egoísmo e do orgulho, libertando meu coração no rumo do
bem e da paz, do amor verdadeiro e da felicidade eterna!
Assim seja!
(Psicografada em reunião do Instituto André Luiz, em
08.03.2003)
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