Baseado na vida de James M.
Barrie – o criador de Peter Pan, o filme narra com imaginação
e poesia a trajectória de seus personagens. Barrie (Johnny
Depp), escritor de renome, está passando por uma fase difícil,
vítima de um surto de mediocridade que contamina sua produção
literária.
Sua última peça teatral foi um
retumbante fracasso de crítica. Seu relacionamento com a
esposa também “não está lá essas coisas”, já que eles mal se
falam e pouco têm em comum.
E, para complicar, ele precisa
escrever, e logo, uma nova peça, para honrar o compromisso
assumido com o seu “agente” (Dustin Hoffmann). Inspiração que
é bom, nada!
A reviravolta se dá quando Barrie
conhece, por acaso, uma jovem viúva (Kate Winslet) e seus
espirituosos filhos. Desde o primeiro encontro ele se encanta
com aquela família e a envolve com suas histórias mirabolantes
e sua atenção desinteressada.
O convívio e a admiração faz com que
uma forte amizade surja entre eles e, assim, a influência que
cada um dos personagens exerce sobre os demais demonstra como
é possível para cada ser transformar/tocar a vida dos
outros.
A actuação de Johnny Depp – como de
costume – é impressionante. Ele é convincente quando veste um
“smocking” e faz ares de senhor respeitável, tanto quanto
vestido de pirata, com o rosto marcado por inúmeras
cicatrizes.
Muito do encanto do filme, porém,
decorre da performance primorosa do pequeno elenco – destaque
para o actor-mirim que personifica Peter. Sua incredulidade e
sua melancolia comovem até o mais empedernido dos corações – o
que falar do meu que é feito de manteiga!
Os efeitos especiais, hábeis em tornar
a imaginação de Barrie tangível para os demais mortais, são um
espectáculo à parte.
Não espere um conto de fadas, espere
sim uma história emocionante sobre não se contentar com o
lugar comum e sobre a coragem de ver o mundo com outros
olhos.
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