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Como Se Fosse a Primeira Vez

Título original: 50 First Dates / Direção: Peter Segal
   

“O amor é um garimpo de diamantes
estelares que deve ser explorado.
Possui gemas de diferentes qualidades
e valores muito diversos.
De acordo com a coragem e a decisão
de quem busca encontrar as suas riquezas insuperáveis, sempre oferece novos matizes
e configurações especiais”.

Joanna de Ângelis (Garimpo de Amor)
 

* * * * * *

     Deveria ser simplesmente uma comédia. Uma comédia onde uma jovem, após um acidente, perde a memória curta. Ela recorda toda sua vida, até o dia do acidente, mas a cada dia que desperta, é como se o anterior não tivesse existido.

     Pessoas com as quais contactou, coisas que realizou, nada é recordado. É como se o tempo tivesse parado no dia do acidente. Sequer recorda os meses de hospital e toda a recuperação que se lhe seguiu. Absolutamente nada.

     Assim, como o dia do acidente era o dia do aniversário de seu pai, todos os dias, ao despertar, ela faz a mesma coisa: prepara o bolo, dá o presente, assiste o mesmo filme em DVD, o mesmo jogo na televisão, em gravação. Tudo, COMO SE FOSSE A PRIMEIRA VEZ.

     Como tudo isso é possível? Como pode alguém, depois de um ano, ter em sua casa ainda, tudo como se fosse um ano atrás?

     É aí que entra em cena o que move o filme todo: O AMOR. Sim, Lucy, a personagem central, é cercada de amor. Pelo amor do pai, do irmão, da dona da lanchonete, que foi amiga íntima de sua mãe, do próprio cozinheiro da lanchonete.

     Um halo de projecção amorosa a cerca. Quando ela se recolhe para dormir, a cada noite, tudo é colocado na casa como no dia anterior. Somem os vestígios do bolo, da festa, o presente é embrulhado exactamente da mesma forma, outra vez.

     Até a parede que ela pinta, a cada dia, na garagem, recebe uma mão de tinta branca do pai e do irmão, a fim de que ela, no dia seguinte, encontre tudo exactamente igual.

     Naturalmente, tudo isso é possível graças à muita genialidade de quem escreveu, idealizou e produziu o filme, onde foram pensados detalhes como o jornal do dia, que o pai da garota mandou imprimir às centenas, a fim de que, a cada dia, ela leia sempre o mesmo jornal.

     Mas o halo de amor não pára aí. Enquanto se pensa no círculo familiar, pai, irmão, a amiga íntima da mãe, tudo bem. Mas e quando surge o namorado?

     Exactamente então é que se revela a capacidade extraordinária do AMOR. Se ela não o pode recordar e a cada dia ele deve tentar se aproximar para reconquistá-la, por que não dizer a ela, a cada manhã, o que já aconteceu entre os dois?

     Ele decide fazer um vídeo para que, a cada manhã, ao despertar, ela o possa assistir. Ele sintetiza a sua vida nos dias posteriores ao acidente e se apresenta: “Somos quase namorados. Conhecemo-nos assim. Você me ama e eu amo você.”

     Desta forma, ela pode ter de volta, diariamente, a sua memória, embora não real. Afirmar que isso seja ou não possível, que tudo aconteceria exatamente como acontece no filme, não é questão de se examinar. Muito menos as falhas que o filme, como toda produção cinematográfica, apresenta. Detalhes que escapam, como não poderia ser de outra forma, e que ocorrem a quem, enquanto assiste, fica imaginando outras tantas eventualidades que não foram cogitadas.

     O que importa mesmo é enaltecer o AMOR que se revela. Amor que renuncia, como a própria Lucy, que diz ao jovem para que se afaste dela, que retome a própria vida, que persiga os seus sonhos profissionais.

     E a renúncia dela ao se internar em um Instituto especializado em pessoas com problemas de memória, onde os mais diversos tipos se encontram, onde ela descobre, mesmo na sua dificuldade, uma forma de auxiliar os demais, leccionando a sua especialidade: artes plásticas.

     Contudo, o rapaz descobre que a vida sem ela não tem sentido. E se dispõe a conquistá-la a cada dia, a lembrá-la, através da gravação em vídeo do que aconteceu nos dias anteriores. Algo assim como se ela carregasse o winchester de sua memória com programas ou sistemas actualizados e especialmente criados para tal.

     Mostra, enfim, que, para quem quer verdadeiramente, não importa o quanto precise ser investido, o importante é a felicidade do ser amado. Também que o fato de se ter alguém, no lar, com uma dificuldade qualquer, não tira ao outro a possibilidade de perseguir e alcançar os seus sonhos.

     Tudo se passa em lugar paradisíaco e encerra em outro cenário, no meio do gelo, mas ainda e sempre com a excelente tónica do amor. AMOR que supera a enfermidade e busca dar ao amado o melhor, a fim de que ele possa viver o melhor possível, embora tendo que ser recordado a cada dia, do que fez, do que aconteceu, dos dias que estão correndo, dos meses passados, que houve uma gravidez, uma filha, que a vida se transformou, o mundo assistiu a tragédias e passou por acontecimentos vários.

     Quando as luzes se acendem, na sala de projecção, e se sai para a rua, a alma está leve. Riu-se, passaram-se 99 minutos de entretenimento. Foi um bom relax!

     Mais que tudo, no entanto, o que marca é o AMOR. O Amor de um pai, de um irmão, de um marido, de uma filha para sua mãe com dificuldades de memória.

     Por tudo isso, decidimos escrever esta matéria. Uma homenagem e um convite ao AMOR. Uma homenagem a todas aquelas criaturas que convivem com familiares ou amigos portadores de dificuldades quaisquer e que, a cada dia, retomam as mesmas tarefas para tornar a vida do outro a mais amena possível. Que buscam, através de variadas técnicas e acções múltiplas, dizer ao outro, apesar dele não poder se comunicar, ou não recordar, ou não poder participar activamente de todas as questões familiares: “Você continua connosco! Nós o amamos! Estamos ao seu lado! Esta é a sua família!”

     Um convite para os que têm, em seus lares, deficientes da mente ou do corpo, que exigem pesado investimento diário de paciência, ternura e cuidados. Um convite para que amem, pois o AMOR faz milagres e o espírito, embora não se possa manifestar ou apresente problemas na sua manifestação, na vida actual, pela deficiência que o organismo físico lhe impõe, tudo percebe e armazena em sua intimidade.

     Vale a pena investir no AMOR!

     Matéria publicada no Jornal Mundo Espírita - março/2005

 
 
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