Outra Vez o Natal..

Maria Helena Marcon

    É comum se ouvir a referência de que na Terra tudo passa. Passa a dor, tanto quanto a fama e o apogeu.

    Assim, a história nos fala de impérios, cidades e nações que dominaram regiões ou quase todo o Mundo Antigo conhecido, e depois desapareceram na poeira do tempo.

    Celebridades, personalidades que ditam moda, costumes, que assombraram o mundo e seduziram multidões, arrastando-as, por vezes, à loucura, também passam.

    As criaturas morrem, seus fãs ou seguidores lhes são fiéis algum tempo, mas os anos se encarregam de reduzir o seu número.

    Mesmo os considerados mitos sagrados de artes como o cinema, a música, são recordados em datas especiais: do aniversário de nascimento, na data da sua morte, de um evento especial. Então, as reportagens televisivas, jornalistas e as revistas enxameiam com manchetes retumbantes, de efeito., mostrando-nos centenas e centenas de pessoas que afirmam cultuar aquele ídolo, ainda, apesar dos anos transcorridos.

    É natural tal fenómeno, desde que, na medida em que desaparecem os impérios e os ídolos, também desaparecem os homens que os mantinham ou os idolatravam, seguiam, seguindo no ciclo comum da morte.

    Contudo, há um homem, na História da Humanidade que teve, justamente após a sua morte, acrescido o número dos seus seguidores e a cada ano, mais se multiplicam. Em Seu nome, e por amor da Sua Doutrina, multidões se entregaram ao sacrifício até a morte.

    Tido como um revolucionário à sua época, por muitos, simplesmente local e passageiro, demonstrou por Seus feitos que era maior que o mundo que o acolhia. Por isso mesmo, não compreendido por tantos.

    Trata-se de Jesus, o homem que dividiu a história da humanidade , estabelecendo o antes e o depois.

    Embora nascido em uma estrebaria, oculto aos olhos dos grandes do mundo, teve seu nascimento anunciado aos pequenos, que traziam os corações preparados para o receber. A orquestra dos céus se fez presente e a ópera dos mensageiros celestiais o anunciaram a quem tivesse ouvidos de ouvir.

    Antes de iniciar o seu messianato, teve a preparar-lhe os caminhos um homem rude, vestido com uma pele de animal e que a muitos, com certeza, deve ter parecido esquisito ou perturbado.

    Principalmente, porque em um momento em que o povo aguardava o Libertador que fosse maior que o próprio Moisés, que um dia os libertara do jugo egípcio, ele falava de alguém que haveria de lhes ungir as almas com fogo. Enquanto todos aguardavam um guerreiro, que surgisse com suas hostes numerosas para subjugar o dominador romano, João, o Batista, lhes falava do Cordeiro de Deus. E cordeiro sempre foi símbolo de mansuetude, cordura, delicadeza.

    Quando Ele se fez presente, às margens do Jordão, o médium João o detecta e O apresenta ao mundo, enquanto para os ouvidos atentos as vozes do Céu, em extraordinário fenómeno, novamente se fazem ouvir: Este é meu filho muito amado, no qual coloquei toda minha complacência.

    Jesus! Ninguém que O igualasse. Alto e belo, chamava a atenção por onde passasse. Os trigais se dobravam à sua passagem e os ventos iam à frente, anunciando-lhe a chegada.

    Por onde passou, deixou indelével o Seu perfume. Não conduzia guerreiros, nem arautos pomposos. A voz do povo o anunciava e suas hosanas chagavam aos ouvidos de todos, mesmo daqueles que desejassem parecer surdos.

    Sua mensagem atingia os corações e como hábil agricultor, semeou a esperança e a fé nos terrenos mais áridos.

    Rei das estrelas e governador do Mundo, fez-se simples e evidenciou à saciedade a importância das coisas pequenas, dos serviços humildes. Ele próprio, serviu na carpintaria, modelando formas na madeira, e cingindo-se com uma toalha ao redor dos rins, lavou os pés dos Seus apóstolos.

    Tomou de um grão de mostarda e o fez símbolo da fé que move montanhas. Utilizou-se da água pura, jorrada das fontes cristalinas para falar da água que sacia a sede para todo o sempre.

    Tomou do pão e o multiplicou, simbolizando a doação da fraternidade que atende o irmão onde esteja e com ele reparte do pouco que tem.

    Falou de tesouros ocultos e de moedas perdidas. Recordou das profissões menos lembradas e as utilizou como exemplo, Ele mesmo denominando-se o Bom pastor, que "conhece as suas ovelhas."

    Ninguém jamais O superou na poesia, na profundidade do ensino, na doce entonação da voz cantando o poema das bem-aventuranças, no palco sublime da Natureza.

    Simples, mostrava Sua sabedoria em cada detalhe, exemplificando que os grandes não necessitam de ninguém que os adjective, senão sua própria condição.

    Conviveu com os pobres, os deserdados, os considerados párias da sociedade, tanto quanto visitou e privou da amizade de senhores amoedados e de poder. Sempre nobre, impoluto.

    Quanto mais passa o tempo, mais Sua mensagem é entendida e os homens a abraçam.

    Agora, que o Natal canta alegrias aos corações, mais do que nunca, se pode ouvir-LHE a voz doce, convidando ao Amor. E por isso mesmo as criaturas se movimentam de forma mais intensa e se doam. São brindes, presentes, alimentos e agasalhos. É o próprio ser que esquece de si e se doa. Doa as horas do seu dia. Com um sorriso nos lábios, abre os braços e agasalha o outro no próprio coração.

    Depõem-se as armas. Silenciam-se os combates. Faz-se paz nos campos de batalha da intimidade e do mundo.

    Tudo porque o aniversário Dele se aproxima. E, embora ainda incipientes na arte de amar, todos podemos sentir que Ele se faz mais presente, porque abrimos o nosso cofre do sentimento e Lhe permitimos penetrar.

    São dias de felicidade os que vivemos na proximidade do Natal. Tudo em nome de um Homem e de Sua mensagem.

    Ah, Jesus! Como seria bom se de uma vez para sempre todos pudéssemos Te entender e fazer Natal permanente em nossas vidas.

(Jornal Mundo Espírita de Dezembro de 1997)


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