Aborto Delituoso
Comovemo-nos, habitualmente, diante das grandes tragédias que
agitam a opinião.
Homicídios que convulsionam a imprensa e mobilizam largas
equipes policiais...
Furtos espectaculares que inspiram vastas medidas de
vigilância...
Assassínios, conflitos, ludíbrios e assaltos de todo jaez
criam a guerra de nervos, em toda parte; e, para coibir semelhantes
fecundações de ignorância e delinquência, erguem-se cárceres e fundem-se
algemas, organiza-se o trabalho forçado e em algumas nações a própria
lapidação de infelizes é praticada na rua, sem qualquer laivo de compaixão.
Todavia, um crime existe mais doloroso, pela volúpia de
crueldade com que é praticado, no silêncio do santuário doméstico ou no
regaço da Natureza...
Crime estarrecedor, porque a vítima não tem voz para suplicar
piedade e nem braços robustos com que se confie aos movimentos da reacção.
Referimo-nos ao aborto delituoso, em que pais inconscientes
determinam a morte dos próprios filhos, asfixiando-lhes a existência, antes
que possam sorrir para a bênção da luz.
Homens da Terra, e sobretudo vós, corações maternos chamados
à exaltação do amor e da vida, abstende-vos de semelhante ação que vos
desequilibra a alma e entenebrece o caminho!
Fugi do satânico propósito de sufocar os rebentos do próprio
seio, porque os anjos tenros que rechaçais são mensageiros da Providência,
assomantes no lar em vosso próprio socorro, e, se não há legislação humana
que vos assinale a torpitude do infanticídio, nos recintos familiares ou na
sombra da noite, os olhos divinos de Nosso Pai vos contemplam do Céu,
chamando-vos, em silêncio, às provas do reajuste, a fim de que se vos
expurgue da consciência a falta indesculpável que perpetrastes.
Francisco Cândido Xavier.
Da obra: Religião dos Espíritos.
Ditado pelo Espírito Emmanuel.