Rebuscando em edições
remotas da "Revista de Espiritismo", precisamente no número 4, 5 e 6
de Julho/Dezembro de 1938, fomos encontrar notícia acerca de mais uma ilustre
personalidade do movimento espírita português das décadas de 20 e 30.
Infelizmente é difícil
encontrar alusões a muitas outras personalidades que alimentaram o movimento de
então, quer na sua flurescência, quer na clandestinidade a que se viu remetido
devido às atitudes perseguidoras do Estado Novo.
Sob o título "Figuras que
Marcam", encontrámos esta rubrica da autoria de Sousa Carvalho, editor da
"Revista de Espiritismo", em 1938, e que transcrevemos pelo seu
interesse:
«Em 20 de Novembro de 1934, isto
é, dois anos certos depois de ter perdido a esposa (20 de Novembro de 1932),
falece, em Lisboa o Dr. Gonçalves Teixeira.
Possuidor de uma sólida cultura,
este homem ilustre era, a par disso, de um carácter lídimo, de uma modéstia
impressionante e de uma bondade difícil de igualar.
A morte de um filho, já formado
em medicina, levou-o a procurar no espiritismo os lenitivos para a sua dura
provação.
Sendo Director Geral do Ministério
dos Negócios Estrangeiros — não hesitou em aceitar o cargo de presidente da
Assembleia Geral da Federação Espírita Portuguesa, onde prestou os mais
relevantes serviços.
Os graves desgostos, infligidos
por alguns CORIFEUS do espiritismo, que por cá campeavam, levaram o Dr. Gonçalves
Teixeira a abandonar um cargo, a que dera tanto lustre e elevação.
Que os adeptos da causa saibam
enviar ao espírito do Dr. Gonçalves Teixeira pensamentos de amor e de gratidão.
Pelos vistos, a par das grandes figuras que perfilavam no movimento espírita português, evidenciam-se os problemas de entendimento que sempre os acompanharam, quando as diferentes perspectivas sobre um assunto não conseguiam ultrapassar as nuvens teimosas do personalismo paralisante. Ao fim e ao cabo, uma situação ainda do nosso quotidiano, a urgir mudança interior.
Revista
de Espiritismo nº 33, Out/Dez 1996