Joanna de Ângelis

 

    São bem escassez as informações sobre a situação actual de Joanna de Ângelis na espiritualidade.

    Sabemos que trata-se de um Espírito de elevadíssimas aquisições espirituais e que possui profundas raízes literárias e poéticas, como podemos perceber em encarnações anteriores e através de seus livros.

    Poucas pessoas sabem, mas Joanna de Ângelis integrou a equipe do Espírito de Verdade quando do trabalho de implantação da Doutrina Consoladora em nosso plano. No livro "Após a Tempestade", em sua última mensagem, Joanna faz uma referência a esta tarefa nos seguintes termos:

"Quando se preparavam os dias da Codificação Espírita, quando se convocavam trabalhadores dispostos à luta, quando se anunciavam as horas preditas, quando se arregimentavam seareiros para Terra, escutamos o convite celeste e nos apressamos a oferecer nossas parcas forças, quanto nós mesmos, a fim de servir, na ínfima condição de sulcadores do solo onde deveriam cair as sementes de luz do Evangelho do Reino."

    Após a compilação e organização magistralmente elaborada por Allan Kardec, chegaram à edição final de O Evangelho Segundo o Espiritismo duas mensagens de Joanna de Ângelis, modestamente assinadas como "Um Espírito Amigo":

    Quanto às suas encarnações passadas, as informações que a espiritualidade e o próprio Espírito nos permitem tomar conhecimento ainda são um pouco vagas. Dentre todas as encarnações de Joanna de Ângelis, foram permitidas a divulgação aqui em nosso plano de apenas quatro, todas marcadas pelo seu exemplo de pungente de humildade e heroísmo:

 



JOANA DE CUSA

    Joana era esposa de Cusa, procurador de Herodes Ântipas, o Tetrarca, governador da Galileia nos tempos de Jesus. Seu esposo não compartilhava de sua fé naquele Homem especial, e portanto, tornou-se fonte de infortúnios e sofrimentos para Joana.

    Buscou no Mestre orientações de como proceder frente a seu embate doméstico, ao que ouviu que, ao invés de segui-lO, deveria servi-lO dentro do próprio lar, tornando-se um exemplo de vivência cristã, no atendimento àquele a quem a Providência Divina lhe concedeu a oportunidade de compartilhar a existência terrena: seu esposo.

    Mais tarde, tornou-se mãe. Com o passar do tempo, as atribuições foram se avolumando. O esposo, após uma vida tumultuada e inditosa, faleceu, deixando Joana sem recursos e com o filho para criar. Corajosa, buscou trabalhar.

    Esquecendo o conforto da nobreza material, dedicou-se aos filhos de outras mães, ocupou-se com os mais subalternos afazeres domésticos, para que seu filhinho tivesse pão. Trabalhou até a velhice. Já idosa, com os cabelos embranquecidos, foi levada ao circo dos martírios, juntamente com o filho moço, para testemunhar o amor por Jesus, o Mestre que havia iluminado a sua vida acenando-lhe com esperanças de um amanhã feliz.

    Foi imolada em Roma, no Coliseu, a 27 de Agosto do ano de 68, por não renunciar à sua fé em Jesus, sendo então sacrificada numa fogueira junto a seu filho.

    Temos conhecimento, até o presente momento, de três referências literárias existentes sobre Joana de Cusa: duas do evangelista Lucas, e uma do autor espiritual Humberto de Campos, em sua obra Boa Nova.

 



UMA DISCÍPULA DE FRANCISCO DE ASSIS

    Francisco de Assis é um dos temas preferidos por Joanna de Ângelis, muitas vezes citado em suas obras, sendo inclusive tema frequente de palestras, seminários e workshops de Divaldo Franco. Podemos abstrair daí que existe, no mínimo, uma admiração muito grande de Joanna de Ângelis pela filosofia e obra deste espírito tão único e amoroso que é Francisco de Assis.

    Existem informações de que Joanna teria vivido na época de Francisco (1182-1226), sendo possível que tenha sido uma das seguidoras de Clara de Assis (1193-1252), fundadora da Ordem das Clarissas. Contudo, todas as informações referentes a esta encarnação em específico são muito vagas, o que já denota uma certa intenção de não revelar muitos detalhes pela própria Joanna ou pela Espiritualidade.

    A sensível admiração de Joanna pelo missionário de Assis nos demonstra que talvez haja uma ligação maior do que nos é permitido tomar conhecimento. Mas com relação a isso, tudo o que se disser a respeito será mera especulação, pois aquilo que servir para nosso crescimento e aproveitamento moral nos será revelado no momento certo, caso contrário, dificilmente tomaremos conhecimento.

SÓROR JUANA INÉS DE LA CRUZ

    Joanna renasce em 1651 na pequenina San Miguel Nepantla, a uns oitenta quilómetros da cidade do México, com o nome de Juana de Asbaje Y Ramirez de Santillana, filha de pai basco e mãe indígena. Após 3 anos de idade, fascinada pelas letras, ao ver sua irmã aprender a ler e escrever, engana a professora e diz-lhe que sua mãe mandara pedir-lhe que a alfabetizasse. A mestra, acostumada com a precocidade da criança, que já respondia às perguntas que a irmã ignorava, passa a ensinar-lhe as primeiras letras.

    Começou a fazer versos aos 5 anos. Aos 6 anos, Juana dominava perfeitamente o idioma pátrio, além de possuir habilidades para costura e outros afazeres comuns às mulheres da época. Soube que existia no México uma Universidade e empolgou-se com a ideia de no futuro, poder aprender mais e mais entre os doutores. Em conversa com o pai, confidenciou suas perspectivas para o futuro. Dom Manuel, como um bom espanhol, riu-se e disse gracejando: - "Só se você se vestir de homem, porque lá só os rapazes ricos podem estudar." Juana ficou surpresa com a novidade, e logo correu à sua mãe solicitando insistentemente que a vestisse de homem desde já, pois não queria, em hipótese alguma, ficar fora da Universidade.

    Na Capital, aos 12 anos, Juana aprendeu latim em 20 aulas, e português, sozinha. Além disso, falava nahuatl, uma língua indígena. O Marquês de Mancera, querendo criar uma corte brilhante, na tradição europeia, convidou a menina-prodígio de 13 anos para dama de companhia de sua mulher. Na Corte encantou a todos com sua beleza, inteligência e graciosidade, tornando-se conhecida e admirada pelas suas poesias, seus ensaios e peças bem-humoradas. Um dia, o Vice-rei resolveu testar os conhecimentos da vivaz menina e reuniu 40 especialistas da Universidade do México para interrogá-la sobre os mais diversos assuntos. A plateia assistiu, pasmada, àquela jovem de 15 anos responder, durante horas, ao bombardeio das perguntas dos professores. E tanto a plateia como os próprios especialistas aplaudiram-na, ao final, ficando satisfeito o Vice-rei. Mas, a sua sede de saber era mais forte que a ilusão de prosseguir brilhando na Corte.

    A fim de se dedicar mais aos seus estudos e penetrar com profundidade no seu mundo interior, numa busca incessante de união com o divino, ansiosa por compreender Deus através de sua criação, resolveu ingressar no Convento das Carmelitas Descalças, aos 16 anos de idade. Desacostumada com a rigidez ascética, adoeceu e retornou à Corte. Seguindo orientação de seu confessor, foi para a ordem de São Jerónimo da Conceição, que possuia menos obrigações religiosas, podendo ali dedicar-se às letras e à ciência.

    Nasceu ali a Sóror Juana Inés de La Cruz, nome religioso adoptado pela jovem prodigiosa. Em sua confortável cela, cercada por inúmeros livros, globos terrestres, instrumentos musicais e científicos, Juana estudava, escrevia seus poemas, ensaios, dramas, peças religiosas, cantos de Natal e música sacra. Era frequentemente visitada por intelectuais europeus e do Novo Mundo, intercambiando conhecimentos e experiências. A linda monja era conhecida e admirada por todos, sendo os seus escritos popularizados não só entre os religiosos, como também entre os estudantes e mestres das Universidades de vários lugares. Era conhecida como a "Monja da Biblioteca". Se imortalizou também por defender o direito da mulher de ser inteligente, capaz de leccionar e pregar livremente.

    Em 1695 houve uma epidemia de peste na região. Juana socorreu durante o dia e a noite as suas irmãs religiosas que, juntamente com a maioria da população, estavam enfermas. Foram morrendo, aos poucos, uma a uma das suas assistidas e quando não restava mais religiosas, ela, abatida e doente, tombou vencida, aos 44 anos de idade.



SÓROR JOANA ANGÉLICA DE JESUS

    Em 1761, passados então 66 anos do seu regresso à Pátria, na cidade de Salvador (Bahia), Joanna de Ângelis retorna agora como Joana Angélica, filha de uma abastada família.

    Aos 21 anos de idade ingressa como franciscana no Convento da Lapa, com o nome de Sóror Joana Angélica de Jesus, fazendo profissão de Irmã das Religiosas Reformadas de Nossa Senhora da Conceição. Foi irmã, escrivã e vigária, sendo que em 1815, tornou-se Abadessa.

No dia 20 de Fevereiro de 1822, defendendo corajosamente o Convento, assim como a honra das jovens que ali moravam, foi assassinada por soldados que lutavam contra a Independência do Brasil

 

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