Joanna de Ângelis
São bem escassez as informações sobre a situação actual de Joanna de Ângelis na espiritualidade.
Sabemos que
trata-se de um Espírito de elevadíssimas aquisições espirituais e que possui
profundas raízes literárias e poéticas, como podemos perceber em encarnações
anteriores e através de seus livros.
Poucas
pessoas sabem, mas Joanna de Ângelis integrou a equipe do Espírito de
Verdade quando do trabalho de implantação da Doutrina Consoladora em nosso
plano. No livro "Após a Tempestade", em sua última mensagem,
Joanna faz uma referência a esta tarefa nos seguintes termos:
"Quando
se preparavam os dias da Codificação Espírita, quando se convocavam
trabalhadores dispostos à luta, quando se anunciavam as horas preditas, quando
se arregimentavam seareiros para Terra, escutamos o convite celeste e nos
apressamos a oferecer nossas parcas forças, quanto nós mesmos, a fim de
servir, na ínfima condição de sulcadores do solo onde deveriam cair as
sementes de luz do Evangelho do Reino."
Após
a compilação e organização magistralmente elaborada por Allan Kardec,
chegaram à edição final de O Evangelho Segundo o Espiritismo duas
mensagens de Joanna de Ângelis, modestamente assinadas como "Um Espírito
Amigo":
No
Cap. IX, item 7, intitulada " A Paciência", psicografada em Havre, 1862;
No
Cap. XVIII, itens 13 e 15, intitulada "Dar-se-à Àquele que Tem", na cidade de Bordéus, também em 1862.
Quanto
às suas encarnações passadas, as informações que a espiritualidade e o próprio
Espírito nos permitem tomar conhecimento ainda são um pouco vagas. Dentre
todas as encarnações de Joanna de Ângelis, foram permitidas a divulgação
aqui em nosso plano de apenas quatro, todas marcadas pelo seu exemplo de
pungente de humildade e heroísmo:
Joana
de Cusa, nos tempos de Cristo;
nome
ainda desconhecido, Itália nos tempos de Francisco de Assis;
Sóror
Juana Inés de La Cruz, México do século XVII ;
Joana
Angélica de Jesus, Brasil do século XIX;
JOANA DE CUSA
Joana
era esposa de Cusa, procurador de Herodes Ântipas, o Tetrarca, governador da
Galileia nos tempos de Jesus. Seu esposo não compartilhava de sua fé naquele
Homem especial, e portanto, tornou-se fonte de infortúnios e sofrimentos para
Joana.
Buscou
no Mestre orientações de como proceder frente a seu embate doméstico, ao que
ouviu que, ao invés de segui-lO, deveria servi-lO dentro do próprio lar,
tornando-se um exemplo de vivência cristã, no atendimento àquele a quem a
Providência Divina lhe concedeu a oportunidade de compartilhar a existência
terrena: seu esposo.
Mais
tarde, tornou-se mãe. Com o passar do tempo, as atribuições foram se
avolumando. O esposo, após uma vida tumultuada e inditosa, faleceu, deixando
Joana sem recursos e com o filho para criar. Corajosa, buscou trabalhar.
Esquecendo
o conforto da nobreza material, dedicou-se aos filhos de outras mães, ocupou-se
com os mais subalternos afazeres domésticos, para que seu filhinho tivesse pão.
Trabalhou até a velhice. Já idosa, com os cabelos embranquecidos, foi levada
ao circo dos martírios, juntamente com o filho moço, para testemunhar o amor
por Jesus, o Mestre que havia iluminado a sua vida acenando-lhe com esperanças
de um amanhã feliz.
Foi
imolada em Roma, no Coliseu, a 27 de Agosto do ano de 68, por não renunciar à
sua fé em Jesus, sendo então sacrificada numa fogueira junto a seu filho.
Temos
conhecimento, até o presente momento, de três referências literárias
existentes sobre Joana de Cusa: duas do evangelista Lucas, e uma do autor
espiritual Humberto de Campos, em sua obra Boa Nova.
Na
primeira referência, cap 8:2,3, Lucas relata que Joana foi uma das mulheres
seguidoras de Jesus, e que fora curada por Ele, junto com Maria Madalena,
Suzana e muitas outras. Na segunda, cap 24:10, Joana é mencionada entre as mulheres que na manhã de Páscoa
encontraram vazio o sepulcro de Jesus.
O Espírito Humberto de Campos, através da mediunidade de Chico Xavier, nos oferece uma excelente fonte de informações sobre Joana de Cusa no capítulo 15 do livro Boa Nova.
UMA DISCÍPULA DE FRANCISCO DE ASSIS
Francisco
de Assis é um dos temas preferidos por Joanna de Ângelis, muitas vezes citado
em suas obras, sendo inclusive tema frequente de palestras, seminários e
workshops de Divaldo Franco. Podemos abstrair daí que existe, no mínimo, uma
admiração muito grande de Joanna de Ângelis pela filosofia e obra deste espírito
tão único e amoroso que é Francisco de Assis.
Existem
informações de que Joanna teria vivido na época de Francisco (1182-1226),
sendo possível que tenha sido uma das seguidoras de Clara de Assis (1193-1252),
fundadora da Ordem das Clarissas. Contudo, todas as informações referentes a
esta encarnação em específico são muito vagas, o que já denota uma certa
intenção de não revelar muitos detalhes pela própria Joanna ou pela
Espiritualidade.
A
sensível admiração de Joanna pelo missionário de Assis nos demonstra que
talvez haja uma ligação maior do que nos é permitido tomar conhecimento. Mas
com relação a isso, tudo o que se disser a respeito será mera especulação,
pois aquilo que servir para nosso crescimento e aproveitamento moral nos será
revelado no momento certo, caso contrário, dificilmente tomaremos conhecimento.
SÓROR JUANA INÉS DE LA
CRUZ
Joanna
renasce em 1651 na pequenina San Miguel Nepantla, a uns oitenta quilómetros da
cidade do México, com o nome de Juana de Asbaje Y Ramirez de Santillana,
filha de pai basco e mãe indígena. Após 3 anos de idade, fascinada pelas
letras, ao ver sua irmã aprender a ler e escrever, engana a professora e
diz-lhe que sua mãe mandara pedir-lhe que a alfabetizasse. A mestra, acostumada
com a precocidade da criança, que já respondia às perguntas que a irmã
ignorava, passa a ensinar-lhe as primeiras letras.
Começou
a fazer versos aos 5 anos. Aos 6 anos, Juana dominava perfeitamente o idioma pátrio,
além de possuir habilidades para costura e outros afazeres comuns às mulheres
da época. Soube que existia no México uma Universidade e empolgou-se com a ideia
de no futuro, poder aprender mais e mais entre os doutores. Em conversa com o
pai, confidenciou suas perspectivas para o futuro. Dom Manuel, como um bom
espanhol, riu-se e disse gracejando: - "Só se você se vestir de homem, porque lá só os rapazes ricos podem estudar." Juana ficou surpresa
com a novidade, e logo correu à sua mãe solicitando insistentemente que a
vestisse de homem desde já, pois não queria, em hipótese alguma, ficar fora
da Universidade.
Na
Capital, aos 12 anos, Juana aprendeu latim em 20 aulas, e português, sozinha.
Além disso, falava nahuatl, uma língua indígena. O Marquês de Mancera,
querendo criar uma corte brilhante, na tradição europeia, convidou a
menina-prodígio de 13 anos para dama de companhia de sua mulher. Na Corte
encantou a todos com sua beleza, inteligência e graciosidade, tornando-se
conhecida e admirada pelas suas poesias, seus ensaios e peças bem-humoradas. Um
dia, o Vice-rei resolveu testar os conhecimentos da vivaz menina e reuniu 40
especialistas da Universidade do México para interrogá-la sobre os mais
diversos assuntos. A plateia assistiu, pasmada, àquela jovem de 15 anos
responder, durante horas, ao bombardeio das perguntas dos professores. E tanto a
plateia como os próprios especialistas aplaudiram-na, ao final, ficando
satisfeito o Vice-rei. Mas, a sua sede de saber era mais forte que a ilusão de
prosseguir brilhando na Corte.
A
fim de se dedicar mais aos seus estudos e penetrar com profundidade no seu mundo
interior, numa busca incessante de união com o divino, ansiosa por compreender
Deus através de sua criação, resolveu ingressar no Convento das Carmelitas
Descalças, aos 16 anos de idade. Desacostumada com a rigidez ascética,
adoeceu e retornou à Corte. Seguindo orientação de seu confessor, foi para a
ordem de São Jerónimo da Conceição, que possuia menos obrigações
religiosas, podendo ali dedicar-se às letras e à ciência.
Nasceu
ali a Sóror Juana Inés de La Cruz, nome religioso adoptado pela jovem
prodigiosa. Em sua confortável cela, cercada por inúmeros livros, globos
terrestres, instrumentos musicais e científicos, Juana estudava, escrevia seus
poemas, ensaios, dramas, peças religiosas, cantos de Natal e música sacra. Era
frequentemente visitada por intelectuais europeus e do Novo Mundo,
intercambiando conhecimentos e experiências. A linda monja era conhecida e
admirada por todos, sendo os seus escritos popularizados não só entre os
religiosos, como também entre os estudantes e mestres das Universidades de vários
lugares. Era conhecida como a "Monja da Biblioteca". Se imortalizou
também por defender o direito da mulher de ser inteligente, capaz de leccionar e
pregar livremente.
Em
1695 houve uma epidemia de peste na região. Juana socorreu durante o dia e a
noite as suas irmãs religiosas que, juntamente com a maioria da população,
estavam enfermas. Foram morrendo, aos poucos, uma a uma das suas assistidas e
quando não restava mais religiosas, ela, abatida e doente, tombou vencida, aos
44 anos de idade.
SÓROR JOANA ANGÉLICA DE JESUS
Em
1761, passados então 66 anos do seu regresso à Pátria, na cidade de Salvador
(Bahia), Joanna de Ângelis retorna agora como Joana Angélica, filha de uma
abastada família.
Aos
21 anos de idade ingressa como franciscana no Convento da Lapa, com o nome de Sóror
Joana Angélica de Jesus, fazendo profissão de Irmã das Religiosas
Reformadas de Nossa Senhora da Conceição. Foi irmã, escrivã e vigária,
sendo que em 1815, tornou-se Abadessa.
No dia 20 de Fevereiro de 1822, defendendo corajosamente o Convento, assim como a honra das jovens que ali moravam, foi assassinada por soldados que lutavam contra a Independência do Brasil